“Assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril […]. Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz […]”. Trecho da carta do escrivão Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, em que narrava a descoberta do Brasil pelos portugueses em 21 de abril de 1500.
Ao que parece, o nome “brasil” foi empregado, pela primeira vez, em um documento chamado Esmeraldo de Situ Orbis, datado de 1505. Segundo estudiosos, entretanto, muito antes da chegada dos portugueses em nossas terras, a denominação “brasil” já era adotada a madeiras de propriedades tintoriais, há mais de dez séculos, no Oriente. Muitos documentos medievais apresentam o nome “bresil”, “brasil” ou mesmo “bersil”, seja em mapas ou em documentos de caráter comercial. Nesses documentos, o termo se refere a uma madeira de onde se retira uma tinta vermelha, da cor de uma brasa. A madeira tinha tinta cor de brasa, de vermelho encarnado, por isso seria chamada “bresil”. O pau-brasil – planta nativa que crescia na Mata Atlântica – do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, era extraído dessa terra em razão de seu alto valor comercial na Europa, onde servia para tingir tecidos. Os nativos, que chamavam a madeira de “ibirapitanga”, derrubavam as árvores e forneciam os troncos em troca de animais ou objetos que desconheciam. No primeiro século de exploração do pau-brasil, foram derrubadas cerca de 20 mil árvores. Nomes dados à terra descoberta: Terra de Vera Cruz, Terra dos Papagaios, Terra do Brasil, Terra da Santa Cruz e, finalmente, Brasil, que bem conhecemos.
Os portugueses avistaram o Brasil no final da tarde do dia 21 de abril. No dia seguinte puseram o pé na terra, e no outro dia seguiram para um ancoradouro mais seguro, ao norte, na Baía de Cabrália, próximo a atual cidade de Porto Seguro, na Bahia. Pedro Álvares Cabral, comandante da expedição, era muito católico e trazia consigo a imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança – a imagem da Virgem com o Menino Jesus e um pássaro, preservada até hoje na Igreja da Sagrada Família, em Belmonte, Portugal. Frei Henrique, capelão da expedição, natural de Coimbra, celebrou duas missas: a primeira, no dia 26 de abril de 1500, no Ilhéu da Coroa Vermelha (hoje desaparecido) e a segunda, em terra firme, sob o signo de uma cruz de madeira, retirada da mata local – a primeira cruz do Brasil.
Referências iconográficas:
(1)
VÍTOR MEIRELES
Pintura Brasileira
Primeira Missa no Brasil, 1860
Óleo sobre tela, 270,0 x 357,0 cm
Assinada V.M.Lima – 1860
Coleção Museu Nacional de Belas Artes/IBRAM/ Ministério da Cidadania
Fotografia: Jaime Acioli
(2)
CANDIDO PORTINARI
Brodósqui, SP 1903 – Rio de Janeiro, RJ 1962
Pintura Brasileira
A Primeira Missa no Brasil, 1948
Têmpera sobre tela, 272,5 x 500,0 cm
Assinada Portinari Montevideo 1948
Coleção Museu Nacional de Belas Artes/IBRAM/ Ministério da Cidadania
Fotografia: César Barreto