Em 1503, o navegador Gonçalo Coelho chegou à Guanabara onde teria, segundo diferentes relatos, construído uma casa de pedra junto à foz do Rio Carioca, que desaguava na antiga Praia do Flamengo. Seguindo a interpretação mais comum, o Rio Carioca chamou-se “carioca” por causa da casa do navegador português, sendo “cari”= branco e “oca”= casa, o que significaria “rio da casa do homem branco”. Diferentes pesquisas, no entanto, dizem que o nome “carioca” nada tem a ver com a suposta casa.
Os índios certamente não aguardariam a vinda de um navegador para dar nome ao rio que bem conheciam. Ao contrário, o Rio Carioca chamou-se “carioca” por causa de seu principal frequentador – o peixe “cari” ou “acari” –também conhecido por “cascudo”. O Rio Carioca tinha um leito pedregoso e suas águas vinham num cachoar constante, desprendendo-se das Paineiras, pelo vale do atual bairro das Laranjeiras, até desaguar na Baía de Guanabara. Possuía uma fauna fluvial em que se destacava o peixe cari, que deu seu nome ao rio, por ser este o seu paradeiro; em um buraco, loca ou casa, ele se abrigava. Assim, por causa do peixe, o rio foi chamado pelos índios de Acarioca ou Carioca – a “casa dos peixes caris”. Acari, guaraci, ou simplesmente, cari – peixe cascudo, muito curioso, que vive de preferência em águas movimentadas, correntes, entre as pedras, as quais se fixa com seus beiços franjados – verdadeiras ventosas. Era um peixe abundante no Rio Carioca e alguns deles emitiam um som particular que se percebia de fora d’água. Dessa forma, não há dúvida em afirmar que os amantes do Rio e naturais da cidade são “cariocas”, por exclusiva autoria dos índios da Guanabara, inspirados, como eram, nas belezas e mistérios da natureza. “Carioca”, portanto, origina-se dos significados: “cari”, peixe, e “oca”, casa – o rio era a casa dos caris!
Referência iconográfica:
(1)
Cascudo. Peixe revestido de placas ósseas.
Coleção Rodrigues Ferreira
Desenho
Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil