Por volta de 1590, havia uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Ó, voltada para o mar, junto ao Caminho Manuel de Brito, que ligava o Morro do Castelo ao de São Bento, chamada Rua Direita, atual Rua Primeiro de Março. Na ermida, estavam instalados nessa época, os primeiros frades carmelitas do Rio. Têm-se notícias que em 1619 o Governador Rui Vaz Pinto autorizou os carmelitas a retirar pedras da Ilha das Enxadas para a construção de seu convento. Antes de findar o século VIII, o Convento do Carmo já estava erguido.
Ao longo do tempo, recuos espontâneos e aterros do mar formaram uma várzea na frente do convento e em razão do surgimento dessa área, os religiosos pediram ao governo português que o terreno fosse considerado um rossio, sem edificações.
O espaço livre até o mar, na frente do convento, junto à Rua Direita, tornou-se a praça mais importante da cidade colonial. Primeiro, chamou-se Várzea de Nossa Senhora do Ó, depois Terreiro da Polé, Largo do Carmo, Largo Paço dos Vice-Reis, Largo do Paço Real e Imperial, Praça Pedro II e, por último, Praça XV de Novembro. A Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo viriam a ser construídas apenas no século XVIII.
Destinada a se tornar uma cidade marítima por excelência, o largo junto ao mar, ao reunir edificações dos poderes governamental e religioso, tornou-se o centro da cidade luso-brasileira, representando, no final do século XVIII, espaço de notável valor urbanístico.
A imagem que ilustra esta narrativa é antiga Várzea de Nossa Senhora do Ó transformada na praça mais importante da cidade. Datada de 1818, a imagem mostra Paço Real, em primeiro plano, e, ao fundo, o Convento e as duas Igrejas dedicadas a Nossa Senhora do Carmo.
Referência iconográfica:
(1)
Largo do Carmo no Rio de Janeiro colonial
Franz Josef Frühbeck
ca.1818
Fonte: Commons Wikimedia