1640 – Primeiros caminhos

(1)Igreja de St. Sebastiaõ. Johann Jacob Steinmann. Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil. Coleção Brasiliana / Fundação Estudar. Doação da Fundação Estudar, 2007
(1)Igreja de St. Sebastiaõ. Johann Jacob Steinmann
Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil. Coleção Brasiliana / Fundação Estudar. Doação da Fundação Estudar, 2007
(2) Cidade do Rio de Janeiro. RF Pereira. Acervo particular
(2) Cidade do Rio de Janeiro
RF Pereira. Acervo particular

Por volta de 1640, a cidade, instalada no alto do Morro do Castelo, inicia a ocupação da várzea encharcada de pantanos e lagoas, existente entre os Morros do Castelo, de São Bento, da Conceição e de Santo Antônio. O núcleo urbano se expandiu lentamente entre os quatro morros, abrindo caminhos e promovendo aterros.

Em julho de 1639 é decidida a mudança da Casa de Câmara para a Várzea de Nossa Senhora do Ó, junto à Rua Direita. Nessa época, os carmelitas já estavam instalados na Ermida de Nossa Senhora do Ó com seu convento; os frades franciscanos já residiam nos Morros de Santo Antônio e da Conceição; os jesuítas e capuchinhos já se encontravam no Morro do Castelo; e os monges beneditinos já residiam e oravam no Morro de São Bento.

A primeira área urbana do Rio, compreendida entre os Morros Castelo, São Bento, Conceição e Santo Antônio, tinha a Rua Direita e o Largo do Carmo como principais logradouros. Além de charcos e pântanos, a várzea apresentava cinco lagoas: Boqueirão, atual Passeio Público; Santo Antônio, atual Largo da Carioca; Desterro, nas imediações das atuais Rua dos Inválidos e Avenida Mem de Sá, Pavuna, atual Largo de São Francisco; e Sentinela, próxima às atuais Avenidas Mem de Sá e Rua Frei Caneca.

Nas primeiras décadas do século XVII, delinearam-se os primeiros caminhos que, em meio a pântanos e lagoas, junto aos sopés das elevações ou ao longo das orlas, orientaram a expansão do núcleo original, definindo os primeiros e mais antigos vetores de crescimento da urbe. Das três ladeiras que desceram o Morro do Castelo à conquista da várzea, a primeira ladeira – a da Misericórdia – passando no sopé do Morro do Castelo, dirigiu-se ao Largo de Nossa Senhora do Ó, prolongando-se em caminho direto para o Morro de São Bento. Esse segmento, de capital importância durante a formação do tecido urbano da área central, primeiro se chamou Caminho Manuel de Brito, depois Rua Direita e, hoje, Rua Primeiro de Março.

Ortogonal à Rua Direita, iniciando-se nela e dirigindo-se para o interior, encontrava-se um dos mais antigos trajetos para as áreas de engenho: o caminho de Capoeiruçu, percurso equivalente à atual Rua da Alfândega. A segunda ladeira, a da Ajuda, antes denominado Poço do Porteiro, ia ligar-se ao caminho do Engenho dos Padres, depois chamado de Matacavalos, hoje equivalente à Rua do Riachuelo e ao de Capoeiruçu, nas imediações da Lagoa do Sentinela. A terceira ladeira – a do Castelo – por sua vez, ligava-se ao Largo de Nossa Senhora do Ó, através da Rua do Carmo.

O caminho da Carioca, contornando a Lagoa do Boqueirão e desenvolvendo-se ao longo da orla sul, ia à conquista das várzeas de Botafogo. Configuram-se, assim, os primeiros caminhos da cidade, onde o eixo Castelo – São Bento anunciava, desde já, sua forte participação.

Na imagem (1) que ilustra esta narrativa, datada de 1839, vê-se a Igreja de São Sebastião no alto do Morro do Castelo e, a esquerda, a torre sineira da Igreja do Colégio dos Jesuítas. Na imagem (2), encontram-se desenhados os primeiros caminhos que se formaram a partir do Morro do Castelo.


Referências iconográficas:

(1)
Igreja de St. Sebastião. Album Souvenirs du Rio de Janeiro
Johann Jacob Steinmann
Água-tinta e aquarela sobre papel, 1839
Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil. Coleção Brasiliana / Fundação Estudar. Doação da Fundação Estudar, 2007

(2)
Cidade do Rio de Janeiro. ca.1640
RF Pereira
Desenho, 1989
Acervo particular