1824 – Franceses na Rua do Ouvidor

(1) Mappa mercantil do Rio de Janeiro.<br> Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil
(1) Mappa mercantil do Rio de Janeiro.
Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil
(2) Rua do Ouvidor. Rio de Janeiro<br> Marc Ferrez/ Coleção Gilberto Ferrez/ Acervo Instituto Moreira Salles
(2) Rua do Ouvidor. Rio de Janeiro
Marc Ferrez/ Coleção Gilberto Ferrez/ Acervo Instituto Moreira Salles

Em 1824, imigrantes franceses em número de 1.400 pessoas, já possuíam a maioria das lojas comerciais do Centro. Os franceses eram, principalmente, padeiros, confeiteiros, licoristas, relojoeiros, lampistas, tapeceiros, joalheiros, chapeleiros, cabeleireiros e, sobretudo, modistas. A Rua do Ouvidor era a mais célebre, a mais elegante, a mais charmosa rua da capital do império. Ela foi uma rua francesa por excelência! Joaquim Manuel de Macedo, escritor carioca, apresenta na obra Memórias da Rua do Ouvidor, o mais fiel testemunho sobre o esplendor desse logradouro, onde ele caminhou e conheceu muito bem.

Em seu livro, o autor escreve: “Preparai-vos ó  modistas, floristas, fotografistas, dentistas, quinquilharistas, confeitarias, charutarias, livrarias, perfumarias, sapatarias, rouparias, hotéis, espelheiros, ourivesarias, fábricas de instrumentos ópticos, cirúrgicos, e as luvas, e as de postiços, e de fundas, de indústria, comércio e artes, e as lamparinas, faróis e focos de luz e de civilização, e os vulcões de ideias que são as gazetas diárias, e os armazéns de secos e molhados representantes legítimos da filosofia materialista, e a democrata, popularíssima e abençoada carne seca no princípio da rua, e no fim Notre Dame de Paris, labirinto, tentações e magias no vasto seio – preparai-vos todos para a festa deslumbrante do centenário da Rua do Ouvidor.”

Referia-se o autor ao ano de 1880, que acreditava marcar cem anos da época em que o logradouro passou a chamar-se “Ouvidor”. A rua, na verdade, formou-se no final do século XVI, com o surgimento da cidade. Era um caminho para o sertão, que partia da beira do mar, da Rua Direita.

No “Mappa Mercantil do Rio de Janeiro”, de 1870, que ilustra esta citação, preservado pela Biblioteca Nacional, pode-se verificar a presença de diversas casas comerciais francesas como a tipografia E.H. Laemmert e a alfaiataria “La Ville de Paris”. Na fotografia de Marc Ferrez, nota-se a elegância dos transeuntes, bem como a densidade de casas comercias do logradouro.


Referências iconográficas:

(1)
Mappa mercantil do Rio de Janeiro.
Mapa. Reprodução parcial, 1870
Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil

(2)
Rua do Ouvidor. Rio de Janeiro
Fotografa, c.1890
Rio de Janeiro
Marc Ferrez / Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles